quinta-feira, 17 de julho de 2008

Eu e eu e eu



Já há algum tempo que não me dedicava a este meu diário, não por falta de vontade, mas por falta de tempo mesmo.

Já lá vai o tempo em que adorava o calor, adorava o Verão, adorava o cheiro da relva molhada. Hoje detesto o calor, detesto o Verão, detesto tudo o que me incomoda. Entendi o porquê da minha antiga paixão, o Verão.

Férias, gelados, praia, namoricos de barraca, azafama de fazer as malas e ir para a praia, o primeiro escaldão, a pele a esfolar, o creme Nivea, a azáfama matinal do pequeno almoço, colocar tudo dentro dos sacos, não esquecer o baralho de cartas, o prego, o ringue, a bola de encher, uns livros, eu e os meus primos todos da mesma idade era um divertimento, e o Colégio tinha ficado lá longe ......, só as férias interessavam, praia com sol, sem sol, com vento sem vento, tudo isso era tão bom. A água gelada, os gritos quando uma onda salpicava o corpo quente, que saudades.

E agora?????

Agora, odeio os escaldões, as bolhas no corpo, a água mesmo fria parece queimar a pele, aquele tom de lagosta suada é horrível, os bronzeadores, a areia agarrada á pele tal como croquete antes de fritar, as bolas de footboll na cabeça e uma desculpa nojenta de desculpas, odeio, odeio, odeio. Como é possível adorar tanto uma coisa e vir a detestá-la tanto....... ????????

Agora amo, o escuro, a frescura nem que seja de uma reles ventoinha ou mesmo de um jornal dobrado em quatro, os pés dentro do rio e o corpo á sombra, um livro (dos que fazem sonhar, daqueles em que o sapo se transforma em príncipe, encantado ou não tanto faz), uma caipirinha bem fresca, e as nuvens a passear por cima de mim, a lembrar tempos de infância em que inventava desenhos nas nuvens.

Melancólica???? Talvez. Mas eu sou mesmo assim. Directa quando tenho que ser directa, má quando tenho que ser má, doce quando as pessoas merecem. Adoro o meu amigo/a, posso estar anos ser o/a ver, mas a amizade dura a vida toda, toda mesmo depois de algum de nós já ter partido para outras viagens sem volta.

Bom já escrevi algumas memórias fico-me por aqui.

Boas férias

Abelhaferrona

4 comentários:

Eli disse...

Estarei eu ao contrário?!

lol

Prefiro sempre a sombra ao calor, mesmo na praia. É mesmo nesta que também gosto mais de estar quando o tempo está mais fresco. Quanto menos gente estiver, melhor!!!

:))

abelhaferrona disse...

Olá Eli. Já tinha saudades dos teus comentários, de certo quando eu era da tua idade a praia era o meu local de eleição, mas com a idade os "locais" eleitos passam a ser outros, mas concordo contigo, adoro a praia no inverno, mesmo quando a chuva miudinha ataca eu gosto de a "desafiar" e andar andar andar, até ficar com a mente contrária ao mar.
Um favo de mel graaaaaaaaaaande
Ana

joão marinheiro disse...

Não devias ficar por ai, nas tuas deambuloações das memórias guardadas, por vezes elas tem de apanhar a luz do sol para tirar o bafio que se instala nas coisas guardadas. eu faço assim, mas sou suspeito porque tenho uma memória fraca. Gosto das pessoas directas de olhos a serem espelhos de água, mesmo salgada que é a água por onde me perco tantas e tantas vezes.
Outro abraço com um beijo à mistura daqui onde tenho o mar à distancia das mãos

Anónimo disse...

Eu vivo de memórias, eu sou um velho baú cheio de memórias, umas muito boas, umas boas, umas más e bastantes muito más. Algumas vou tentando esquecer mas não consigo, não sou muito de "apagar" aquilo que consegui estragar, foram meros esboços de tentativas de pintura, bastou rasgar as telas e metê-las no caixote do lixo. Ainda hoje penso nelas, mas não como recordações, só como pedaços da minha vida.
Não sou como tu, escreves bem, escreves o que sentes e isso para quem lê, é lindo, eu não sei escrever, faço deste blogue o meu diário, sem dedicações, pedaços de uma vida.
Os meus olhos não são espelho de água, são mais o verde do mar encrespado. Talvez porque levo a vida demasiado a sério, preocupo-me com a dor alheia e só levo pontapés. Mas não consigo parar para pensar antes de fazer o que quer que seja, e quando penso, acho sempre que não o devia ter feito. Nem eu me compreendo a mim própria, por isso não posso exigir aos outros nada, eu sou como sou, eu sou a Ana, sou assim e já não vou mudar (nem quero).
Um abraço de maresia
Abelhaferrona