domingo, 14 de dezembro de 2008

a 11 dias da data do nascimento do Salvador ......



























Este post já era para ter sido colocado no Domingo passado, dia 14 de Dezembro deste ano, mas por motivos inexplicáveis, o post simplesmente desapareceu.......... Mas eu insisto em colocá-lo, e talvez o seu desaparecimento tenha algo explicável, que nem eu consigo explicar. Fomos até ao Retail Park de Taveiro procurando um local para tomar um café numa esplanada, grande erro, mas enfim, talvez nem tenha sido assim tão grande porque assisti a algo que não gostei e me fez ficar triste e pensativa.

(As imagens que coloquei em cima são da minha autoria, a máquina fotográfica é um dos objectos que me acompanha para todos os sítios, adoro fotografia e como tal a máquina são os meus outros olhos, aqueles que registam o que a minha mente vê, e o que fica na máquina é a realidade, porque nem sempre a minha mente vê a realidade, depende do meu espírito no momento.)

Sai do carro ao ver tanto fumo, e ao ver o INEM, seguido dos Bombeiros Voluntários logo seguidos dos Bombeiros Sapadores, qualquer destas forças têm para mim um simbolismo muito grande, imaginei que algo mal estava a acontecer. Ao chegar mais à frente deparo-me com imenso fumo que já saia do telhado da casa, perguntei se havia feridos ao que alguém me respondeu que não estava ninguém em casa naquele momento, tinham saído. Não sei quem são aquelas pessoas, mas que as lágrimas caíram-me pela cara abaixo isso é verdade. Não sei nada sobre aquelas pessoas, se são novos ou velhos, se são ricos ou pobres, se a casa tinha seguro ou não, se lhes faz diferença ou nem tanto, mas que importa isso quando aquelas pessoas chegassem a sua casa e a vissem negra, com a cozinha desfeita, os electrodomésticos todos atirados para a rua completamente inúteis, aquele cheiro a fumo que ainda hoje existe no meu nariz.

Que Natal irão ter aquelas pessoas?????? Não nego que o Natal para mim não tem significado nenhum a não ser o símbolo da hipocrisia. Hipocrisia, porque é quando famílias que passam um ano ou mais sem se verem naquela noite riem, brincam, oferecem presentes????? Todos juntos a uma mesa, comem "alarvemente", sortudos ...... E aqueles que naquele preciso momento nada têm???? Acho que nem lágrimas já têm????? Porque é que só nos lembramos das pessoas em momentos "chaves" como: Natal, Casamentos, Baptizados, Funerais????? Ninguém se lembra dos outros num dia qualquer, num dia de chuva, num dia de sol????? Em todos os dias existem pessoas que precisam de nós.

(O Natal devia ser um momento de reflexão, pensarmos no que pudemos fazer em prol dos mais necessitados, não é só de uma esmola que essas pessoas vivem, arranjem-lhes trabalho dependendo das suas capacidades, ensinem-lhes que para se viver tem que se dar algo em troca para se receber, a vida é uma troca em tudo, tanto no amor, na amizade, nos sorrisos, no trabalho, em tudo, nada se tem se não der-mos nada.)

Eu reflecti bastante naquele dia, e pensei que aquelas pessoas deveriam precisar de ajuda..... Mas, existe sempre um mas nisto de ajudar, muitas pessoas não gostam de ser ajudadas vivem na negação e, é preciso ensinar-lhes que a ajuda não é uma esmola é uma bênção. Irei tentar saber quem são e o que necessitam, não saberei a resposta que vou receber, se calhar irei levar com um não tem nada com isso, eu sei que as pessoas não acreditam nos outros e muito menos nas "boas acções gratuitas", mas não vou desistir.

E tentarei depois transmitir aos outros o que se passou.

Uma das coisas que me deixou um pouco pensativa, foi ao outro dia, ler o Diário de Coimbra, que é uma das coisas que gosto de fazer, pois mal ou bem sempre nos dá notícias do local onde habitamos, e deparei-me que nada constava do facto que tinha ocorrido no dia anterior na "nossa" cidade, por muito que não acreditemos, os meios de informação ainda são um meio de divulgação, e estava á espera de ver a notícia, e afinal nada ........ Uma calinada do calinas???????

Um apelo ..... se é que alguém o vai ler, publiquem a notícia, falem nela, divulguem, pode ser que alguém, além de mim, se importe e preocupe.

Um bom Natal, mesmo não acreditando que isso exista, mas são as palavras que sempre me ensinaram a dizer desde pequena. Hipocrisia?????? Não. Tento é não ficar a ser chamada de bicho do mato, ou outras coisas bem piores que me chamam ou imagino que chamem.........




Ana



1º de Dezembro, passado de forma diferente



Ora bem, nem sei como começar. Indo eu, indo eu ..... parece uma das canções que cantávamos no recreio do Colégio, bons tempos .... mas deixemos a nostalgia para outros dias em que a chuva, o vento e a má disposição ataca, e concentremos-nos em rir, sorrir, abrir a boca de espanto, e pensar que isto é dos apanhados, mas não é. Apanhada fui eu de espanto e surpresa, quando há uns dias atrás me desloquei com a minha irmã a uma Instituição de Saúde desta nossa bela cidade á beira rio plantada.
Espanto por várias coisas, realmente a Instituição de que me refiro, graças ao Ser Superior a mim, não me leva para esses lados, nhoc, nhoc, nhoc, três vezes na madeira da secretária, é uma Instituição virada para grávidas, mas não só, também para urgências das partes genitais das Senhoras, mesmo sem estar grávidas, como era o caso da minha irmã.

Logo ao entrar, deparei-me com um átrio de espera repleto de gente, grávidas já com barriga de final, quase prontas a parir ali, pais, avós, tios, sogros, primos, enfim um recheio de familiares transbordando ramos de flores, pois estava quase na hora da visita, há esqueci-me de dizer que tudo isto se passou no feriado do dia 1 de Dezembro, chovia e a humidade ainda fazia que o cheiro que nem consigo descrever se era bom ou mau, mas era diferente, pois concentrava perfume dos chineses, com chanel 5, suor sem sanex e passo a publicidade, com suor disfarçado de Nivea duo passo a publicidade, aquela mistura agravada com a humidade que transbordava dos kispos e botas a chapeis de chuva, agravava em muito o ambiente que já por si era sui-generis, pois nunca imaginei que num pequeno átrio pudesse haver tanta disparidade de coisas ao mesmo tempo, desde a máquina do café que não dava trocos, desde a máquina dos chocolates que fazia a delicia das crianças e a birra dos pais, pois o dinheiro é tão pouco que qualquer máquina cheira logo a roubo e desfalque, a tentativa infrutífera de uma jovem mãe que tentava a todo o custo manter quietas as suas irrequietas criancinhas que a bem da verdade a educação tinha passado ao lado, não passou ao meu pois quando dei por mim, tinha os atacadores das sapatilhas da jovem mãe atados ás minhas botas, eu não sabia se havia de rir ou se dar uma bofetada no petiz, que ria a bandeiras despregadas pois se a mãe se levantava para lhe bater, quem ia bater com o traseiro no chão era eu, que fazer?????? Sorri amareladamente, e tentei desapertar rapidamente os atacadores e só pedia que a minha irmã se despachasse pois eu ainda teria que ir a uma Instituição hospitalar, pedir com urgência uma injecção para me acalmar.

Para me livrar do petiz, que por coincidência era mesmo feio, tinha ar de baby bad boy, cabelo preto espetado, posição preferida: deitado no chão a fazer de esfregona, e eu que tenho tanta paciência para este tipo de criancinhas, que só pensava, valha-me São Expedito que mal fiz eu de tão grave, para gozar o meu feriado assim ......Então levantei-me e perguntei ao Segurança onde eram os WC, claro mais um sorriso amarelo, onde era o quê?????? As casas de banho, respondi eu alto e bom som, ah sim, vai pela direita e ao fundo volta á esquerda. Chiça, rico gps.

Lá descobri o WC, que era um misto agradável de WC com quarto de arrumação, entre baldes, esfregonas, montes de caixotes, lá estava a magnifica sanita, branca ao menos para não dar um ar de diferença a todos os WC e um lavatório para lavar as mãozinhas pois o WC era misto, claro que com uma fechadura por dentro para se saber que estava ocupado. Eu até sou daquelas pessoas que estou sempre a dizer que não entendo porque é que tem que haver WC para Homens e WC para Senhoras??? Agora até já nem se usa o mictório ......, enfim modas.

"Um aparte de que me lembrei agora e como estou bem disposta até o vou descrever, um dia há muitos anos atrás, teria o meu filho cerca de 3 a 4 anos, quis ir a um WC para Homens, e eu achei que ele queria ser Homem e como tal deixei-o ir, ficando eu perto da porta de entrada do WC masculino, como a criança demorou tanto, aproximei-me da porta e chamei-o, e ele respondeu com a sua calma inata, já vou mamã. Bom como ele falou normalmente eu fiquei descansada. Passado um bom bocado lá apareceu a minha criança com um ar bastante mal humorado, ele por natureza, não se ria por tudo ou por nada, mas quando se ria, era porque ele tinha achado graça, e o rir dele era contagiante, fazia rir todas as pessoas à sua volta só por vê-lo rir, mas ele vinha com um ar muito chateado, e dando-me a mão fez tensão para continuarmos a nossa caminhada, porque o meu petiz era e, é parco em palavras, não gosta de gastar muito o seu latim, mas eu parei e perguntei-lhe porque estava com aquela cara, alguém lhe tinha feito mal, alguém ralhou com ele, ao que ele respondeu simplesmente que ainda não chegava ao sitio onde os Senhores faziam chichi e que teve que fazer na sanita, o que queria dizer que ainda tinha que crescer mais para ir ao WC dos Senhores, e lá continuamos, eu a imaginar ele a esticar-se todo para que o seu pénis chegasse ao mictório e os saltitos que ele teria dado, até que aflito rendeu-se ás evidências e continuou a usar a sanita, pois ao menos aí chegava de certeza".

Fechada a porta do WC ou casa de banho, depois de puxar calças para baixo, ficar na triste posição de pernas flectidas, olho para a porta e fiquei a ler o que estava escrito numa folha de papel A4 metido numa mica transparente e colado com fita-cola, fiquei de tal modo absorta que nem sabia se o xixi já tinha saído ou se a minha gargalhada se tinha ouvido cá fora. Como não abandono a minha pequenina máquina de fotos, acabei o xixi, e tirei a máquina da carteira e "tiro" a foto, não é publicidade pois não digo o nome da Instituição, mas que para os apanhados dava uma boa foto há isso não duvido, mas como não estou interessada, prefiro colocá-la aqui num post.

Foi o melhor da tarde, até achei alguma graça ao baby bad boy, quando "roubou"umas bolachas a uma senhora que ficou com uma cara que dava medo.

E as grávidas, lá continuavam no seu trabalho de parto sentadas de esguelha, sem posição naquelas cadeiras de plástico, qualidade de vida.........,

Bom viva a Independência, viva o 1º de Dezembro, viva as instituições de saúde, viva eu ..........


Ana


terça-feira, 9 de dezembro de 2008















Apetece-me escrever para mandar todas as pessoas que eu considerava que viviam dentro do meu coração, à ....................... dar uma curva e terem um alemão na cabeça que as fizesse esquecer que eu existo.
Desacreditar em tudo o que acreditávamos não é novidade nenhuma, mas desacreditar em pessoas que jamais desacreditaria, é dor, fico sem saber como agir, sinto-me como um barco à deriva não acreditando que consiga encontrar um porto de abrigo, depois de levar uma bofetada de duas ou três pessoas que jamais me passaria pela cabeça que algum dia me dariam, mas afinal quem eu sou?????? Sou uma pessoa normal, julgo eu. Mas se calhar julgo mal, mas é o meu julgamento e também tenho o direito de não admitir que me tratem como se de um uma jarra sem flores, de uma cor horrível e dada por alguém que não se gosta e como tal não se tem a coragem de a deitar fora e como tal põem-na de lado, talvez na garagem ou na arrecadação, ou mesmo como suporte de piaçaba fique bem.
Neste momento, ao fim de meio século de vida, até consegui ultrapassar algumas, poucas, mas algumas barreiras que pensava que não conseguia, porque doíam muito dentro de mim, e sentia-me mal, porque me criticava, massacrava-me, matava-me, sentia que tinha sido a culpa de tudo, do que tinha criado, senti-me culpada por não ter desejado ter filhos e ter tido a coisa melhor do mundo, sentia-me culpada por ter dado demais ou não ter dado nada, ter educado um rapaz sozinha foi dose, e além disso não me deram nenhum livro de instruções, nem como se mudava as fraldas, e com apenas 19 anos soube desde o primeiro dia tratar daquela criança como já tivesse tido 19 filhos, dei-lhe tudo o que pude dentro das minhas possibilidades, deixei, porque o quis de fazer muita coisa para ser mãe, só mãe, e mesmo assim, considerei-me má, considerei-me uma nulidade, hoje não, hoje acho que fui das melhores mães do mundo, dei educação a um Homem, que acho que sabe estar em qualquer situação, em qualquer lugar, um Homem culto, um Homem líder, um Homem de quem me orgulho com todo o orgulho que consigo ter. Só lamento não ter sabido a hora, o mês e o ano em que aquela criança deixou de ser criança e passou a ser Homem, e talvez por isso hoje somos duas pessoas com vidas próprias, que nada sabemos um do outro embora vivendo quase no mesmo sitio, mas a vida é assim, e eu não tomei certas precauções em relação a mim a salvaguardar-me de não levar bofetada e ter tempo de levantar a mão primeiro, porque eu acredito plenamente que cada criança que habita dentro de nós durante 9 meses, é só um ponto de criação, uma incubadora, depois de sair temos que ensinar-lhes a tratarem-se e a lutarem sozinhos, porque esses seres são seres próprios que não são nossos, viveram aqui, dentro de nós, alimentaram-se de nós, mas não são heras que vivem agarradas à árvore, são seres. Foi esse o meu erro. Todos temos um, até Descartes teve, porque é que uma simples mulher não haveria de ter. Mas sobre esse assunto não está esquecido nem arrumado, mas está na estante, lá bem ao fundo, porque nada melhor que o esquecimento para que nos tornemos duros e fortes.
Outras pessoas, e talvez essa pessoa leia este desabafo sabe que é para ela o recado ou a tristeza. Jamais esperaria ler uma resposta tão cruel, e chamo cruel com todas as letras e magoou-me até ao íntimo do meu âmago, porque veio de onde eu nunca esperaria que viesse. Existem pessoas, poucas, que nós quase sabemos em que estão a pensar, quase adivinhamos o que estão a sofrer, e sentimos-nos inúteis se nada pudermos fazer, mas fazemos sempre, e a cumplicidade que tínhamos já durava há 37 anos, e realmente é triste sabermos que afinal não conhecíamos essa pessoa.
Eu sou um ser crédulo. Ainda acredito no bem, e pensava que havia pessoas, poucas, que acreditavam como eu, em algo, em alguém. Mas afinal, é triste chegar aos 50 anos e olhar á volta e só ver estranhos, e pensar que as pessoas que chegam aos 100 anos como a D. Carlota da Conceição e estão felizes rodeadas de estranhos, que afinal até a tratam com carinho sem lhe serem nada, mas é o emprego delas, e sentem caridade.
Merda de vida esta.
Para ti Mãe, que sempre foste considerada a ovelha negra, ranhosa, eu hoje compreendo-te, talvez porque também eu sou considerada, ou fui, hoje já nem considerada quero ser, a ovelha negra e ranhosa como tu, mas afinal tu és como as árvores, quando morreres morres em pé e de cabeça bem erguida, porque podes dizê-lo bem alto que não foste um poço de perfeição, que tens o teu feitio, que também erraste, mas afinal quem está sempre por cima és tu, quem não vai abaixo és tu. Parabéns Mãe, és a mulher que eu queria ter sido.~
Tua filha desconhecida,
Eu.

domingo, 7 de dezembro de 2008

Conto de Natal




"A Música que vinha da Casa"

Como sempre fazia na véspera de Natal, o rei convidou o primeiro-ministro para dar um passeio. Gostava de ver como enfeitavam as ruas - mas para evitar que os súbditos exagerassem nos gastos com com o objectivo de lhe agradar, os dois sempre se disfarçavam com a roupa de comerciantes que vinham de terras distantes.
Caminharam pelo centro, admirando as guirlandas de luz, os pinheiros, as velas acesas nos degraus das casas, as barracas que vendiam presentes, os homens, mulheres e crianças que saiam apressados para se juntarem aos seus parentes e celebrarem aquela noite em torno de uma mesa farta.
No caminho de volta, passaram pelo bairro mais pobre; ali o ambiente era completamente distinto. Nada de luzes, velas ou o cheiro gostoso a comida pronta a ser servida. Não se via quase ninguém na rua e, como fazia todos os anos, o rei comentou com o ministro que precisava de prestar mais atenção aos pobres do seu reino. O ministro acenou positivamente com a cabeça, sabendo que em breve o assunto estaria de novo esquecido, enterrado na burocracia quotidiana, aprovação de orçamentos, discussões com dignitários estrangeiros.
De repente, notaram que de uma das casas mais pobres vinha o som de uma música. O barraco mal construído, com várias frestas entre as madeiras apodrecidas, permitia que vissem o que se passava lá dentro, e, era uma cena completamente absurda: um velho numa cadeira de rodas que parecia chorar, uma jovem completamente careca que dançava, e um rapaz de olhar triste que tocava um tamborim e cantava uma canção de folclore popular.
- Vou ver o que está a acontecer - disse o rei.
Bateu à porta. O jovem interrompeu a música e veio atender.
- Somos mercadores em busca de um lugar para dormir. Escutámos a música, vimos que ainda estão acordados, e gostaria de saber se podemos passar a noite aqui.
- Os senhores encontrarão abrigo nalgum hotel da cidade. Infelizmente, não podemos ajudá-los; apesar da música, esta casa está cheia de tristeza e sofrimento.
- E podemos saber porquê?
- Por minha causa - era o velho na cadeira de rodas que falava. - Durante toda a minha vida, procurei educar o meu filho para que aprendesse caligrafia, de modo a ser um dos escribas do palácio. Entretanto, os anos passaram e as novas inscrições para o cargo jamais foram abertas. Até que esta noite tive um sonho estúpido: um anjo aparecia e pedia-me que comprasse uma taça de prata, já que o rei iria visitar-me, beber um pouco, e conseguir emprego para o meu filho. A presença do anjo era tão convincente que resolvi seguir o que dizia. Como não temos dinheiro, a minha nora foi hoje de manhã ao mercado, vendeu o seu cabelo, e comprámos esta taça que está aí à frente. Agora eles tentam alegrar-me, cantando e dançando porque é Natal, mas é inútil.
O rei viu a taça de prata, pediu que servissem um pouco de água porque estava com sede, e antes de partir, comentou com a família:
- Que coincidência! Hoje mesmo estivemos com o primeiro-ministro, e ele disse-nos que as inscrições seriam abertas na semana que vem.
O velho acenou com a cabeça, sem acreditar muito no que ouvia, e despediu-se dos estrangeiros. Mas no dia seguinte, uma proclamação real foi lida por todas as ruas da cidade, procuravam um novo escriba para a corte. Na data marcada, o salão de audiências estava cheio de gente, ansiosa por competir por tão cobiçado cargo. O primeiro-ministro entrou e pediu que todos preparassem os seus blocos e canetas -
- Eis o tema da dissertação: porque é que um velho homem chora, uma mulher careca dança e um rapaz triste canta?
Um murmúrio de espanto percorre toda a sala: ninguém sabia contar uma história como essa! Excepto um jovem com roupa humilde, num dos cantos da sala, que abriu um largo sorriso e começou a escrever.
Paulo Coelho - (baseado num conto indiano)