sábado, 19 de janeiro de 2008

A Minha Cansominha



Noya de seu nome, ou melhor Ganda Noya, Cansominha é um diminutivo, que ela gosta muito.

Sempre fui uma apaixonada por cães, desde pequena me lembro dos vários que tive, a Bábá, uma rafeira pequena, doce, meiga, baixote e redondinha, que de vez em quando aumentava a familia sem avisar, guerra pegada, eu não deixava que nenhum dos bébés da Bábá fossem doados, eu entendia que não podíamos ficar com eles, mas o meu coração não os deixava ir, chorava, mas claro, de nada valia. Viveu até ter de viver.

Lembro-me dos Pastores Alemães. O meu pai era fã de Pastores Alemães, e um dia, quando cheguei do Colégio, o meu pai, disse para eu ir ver uma coisa que estava escondida, qual foi o meu espanto, quando vi a dormir uma coisa preta, deitado de lado, bebé, mas um grande bebé, não tive palavras, nem conseguia agarrá-lo, só olhava para ele, e desatei a chorar de felicidade, e ele espreguiçou-se e olhou para mim, eu agarrei-o e senti aquela língua. Foi um momento mágico. O Ringo viveu sempre connosco, tendo adoptado claro, o meu quarto como sendo o quarto dele, dormimos juntos anos. Foi até ele morrer.

Mais tarde o meu pai comprou mais dois Pastores Alemães, o Ringo e Smaky, pedi que um se chamasse Ringo eu homenagem ao meu Ringo, mas não me deixei agarrar a estes dois, já tinha sofrido muito com a morte do outro e achava que mais nenhum o substituiria e assim foi. Estes Pastores Alemães, viveram na sua condição de cães de guarda, com casinha próprias, mas fora do meu espaço.

Mais tarde, bastante mais tarde, deram-me um Epanghol Bretão, não resisti e apaixonei-me por aquele bicho, além de lindo, era um charme e soube levar-me à certa, eu que tinha dito que não voltaria a tratar um cão como uma pessoa, este conseguiu trocar-me as voltas, e quando dei por mim, era ele que mandava em mim, com um charme e uma sedução que eu não resistia, onde estivesse o Smaky estava eu. Enquanto ia trabalhar, ele tomava conta das minhas coisas como se fossem dele, ai de quem tentasse entrar no quarto, já sabia que tinha queixas assim que eu chegasse a casa, claro que o Smaky era a doçura em cão e agia para mim como se dissesse, - "eu tomei conta das nossas coisas, dona" - (Ele ficou Smaky, porque não consegui pôr o nome de Ringo, isso é que não fui capaz).

Sofri muito com ele, era um vadio, adorava cadelas, não interessava, tamanho, raça, qualidade, limpeza, nada, interessava qualquer coisa desde que fosse femêa. Passei muitas noites, a andar de carro, à procura dele, parecia uma tola, era um fugitivo, sempre que conseguia, fugia, ia "às meninas", até que um dia foi de vez e não voltou mais. Sei que durante mais ou menos um mês recebi chamadas telefónicas de pessoas amigas, que diziam que o tinham visto ali ou acolá, e lá ia eu, de carro, na esperança de encontrar o meu Smaky. Já lá vão cerca de 20 anos que desapareceu para sempre. Compensaram a minha perda dando-me outro da mesma raça, que em nada era parecido com o Smaky, mas tinha uma coisa igual, cativou-me, chorei muito agarrada a ele, foi o meu fiel companheiro de muitas horas tristes e amargas, eu sentava-me e ele curtia as minhas magoas a meu lado como se fossem dele também, estivesse eu o tempo que fosse que ele estava ali fiel a meu lado, bem o podiam chamar, oferecer tudo o que ele gostava que ele não arredava pata do lado da sua dona, até eu estar ele estava também. Se eu estava contente e brincava ele também estava, se eu estava triste ele também ficava, era uma simbiose perfeita, entre dois seres diferentes e ao mesmo tempo eu sentia que ele sentia o que eu sentia e isso faziame sentir igual a ele. Um dia achei que lhe devia dar uma "mulher", este não era fugitivo, tinha umas namoradas, mas era fiel, e comprei-lhe uma mulher, tinham 7 anos de diferença e eu pensei se calhar ele não vai achar piada nenhuma, agora ter de aturar uma criança cão, mas enfim, experimentei.

Foi engraçado, porque no canil onde a comprei, não registavam os cães com nome, deixavam o nome para os futuros donos escolherem. Chatice. Ele era Dragão de registo, e ela como ficaria???? Descobri que Drakeine, era em grego a mulher do Dragão, ficou registada como Drakeine, mas chamada de Draka, pois era mais pequenino, foi um amor, viveram juntos mais 7 anos, eram apaixonados, ela tinha o "desplante" de dormir em cima dele, e ele não refilava, foram um amor, até que a morte levou o Dragão.

Ou melhor, até eu ter de mandar abater o Dragão, a morte era eminente, e não valia a pena ele sofrer mais, morreu agarrado a mim.

Acabou, mais cães não. Mas o meu destino deve ter sido traçado para ter cães, e em Abril do ano passado, resolveram-me dar uma Yorkshire, um doce de cadela, neste momento está com 11 meses, é uma brincalhona, é uma dorminhoca, é linda, é um doce quando quer, abusa, e depois chora quando leva uma palmada, as lágrimas correm ao longo dos pêlos do focinho.

Pois, é verdade os cães choram. É uma companhia, adora os donos, adora dormir na minha cabeça, já desisti de a educar, acho que já não tenho idade para impor regras, pelo menos as mínimas, dorme onde quer, faz chichi nos tapetes, come quando lhe apetece, e vem à rua quando nos apetece.

E é esta a minha história do meu relacionamento com os cães.

A Noya, é um caso diferente. Talvez por ela ser pequena e eu estar a ficar velha.

Eu adoro esta bichinha. Acho que será mesmo a última, uma de nós irá e se for ela a ir primeiro jamais quero nenhum seja ele, o cão que for.

Ana

4 comentários:

Anónimo disse...

Adoro a minha "cansominhas". Já tive cães, o Zappa, a Story e o Sebastião,(estes dois em comum) agora a Cansominhas Lindas.Espero que ela melhore Dona. Beijo.

Anónimo disse...

A cansominhas é um doce. A cansominhas cativou e apaixonou. A cansominhas adora o "seu menino", adora ir com ele de carro às compras, adora vê-lo trabalhar no computador, adora a palavra rua. A cansominhas, senta-se de manhã ao meu colo e como femêa que é aprecia tudo o que eu faço, o rimel, o baton, é vaidosa, gosta que lhe ponha uma pincelada de gloss na boca. Lá sabe ela que é gloss, sabe é que cheira bem, e se a dona põe é porque é bom.
Espero que ela melhor, dono. Um beijo

Gonçalo disse...

Podemos retirar uma conclusão e uma suposição deste texto: concluimos que a tua sensibilidade rara permite recriar vidas humanas em animais de uma forma muito especial e supomos que mais animais farão parte da tua vida, mesmo que não o admitas agora;)
Beijinho grande e tem uma noite feliz:)

Anónimo disse...

Sem dúvida nenhuma. Acertaste em cheio. Eu, na brincadeira costumo dizer que e outra vida fui cão. Digo que é na brincadeira, mas na verdade, tenho a certeza, sou fiel para o meu AMIGO, sou intragável para o meu INIMIGO, sempre que possa ferro o dente, não olho a educação, nem a sensibilidade, eu sei que um Reikiano não deve agir assim, mas também não deve nunca dar a outra face, isso nunca. Além de mais sou escorpião de signo e de ascendente. Eu tento, juro que tento, moderar-me, mas é preciso muita dose de meditação.
Um beijo amigo cheio de luz.
Ana