terça-feira, 18 de outubro de 2011

Evite-se a morte em doses suaves



Morre lentamente quem não viaja,
quem não lê,
quem não ouve música,
quem não encontra graça em si mesmo ...


Morre lentamente quem se transforma em escravo do hábito,
repetindo todos os dias os mesmos trajectos,
quem não muda de marca,
não se arrisca a vestir uma nova cor
ou não conversa com quem não conhece ...



Morre lentamente quem evita uma paixão,
quem prefere o negro sobra o branco,
e os pontos sobre os "is" em detrimento de um redemoinho de emoções
justamente as que resgatam o brilho dos olhos,
sorrisos dos bocejos,
corações aos tropeços e sentimentos ...


Morre lentamente quem não vira a mesa quando está infeliz com o seu trabalho,
quem não arrisca o certo pelo incerto para ir atrás de um sonho,
quem não se permite pelo menos uma vez na vida fugir dos conselhos sensatos ...


Morre lentamente quem não passa os dias queixando-se da sua má sorte ou da chuva incessante,
Morre lentamente quem abandona um projecto antes de iniciá-lo,
não pergunta sobre um assunto que desconhece ou
não responde quando lhe indagam sobre algo que sabe.



Evitemos a morte em doses suaves,
recordando sempre que estar vivo exige um esforço muito maior que o
simples facto de respirar,
Somente a perseverança fará com que conquistemos um estágio
esplêndido de felicidade.

Pablo Neruda

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