quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

CARTAS DE AMOR .....


Hoje o post era para ter sido mais "profundo", era dirigido para todos os "sozinhos" neste mundo, mas era sobre uma só pessoa, uma sozinha, eu sei que neste mundo existe milhares de pessoas como ela, mas ela é especial para mim, e eu nem sei bem porquê.
Mas ficará para outro dia em que me sentirei mais confiante nas palavras que irei escrever.
Hoje estou "sem cabeça" para pensar muito, tenho dentro dela uma enxaqueca, que se apaixonou por mim e não "me larga" e eu já não consigo fazer nada para a mandar embora, já lhe disse as piores palavras que se podem dizer, mas ela, a enxaqueca, adora-me, não consegue viver sem estar presente todos os meses dentro de mim.
É revoltante......
Ao desfolhar velhos papéis, deparei-me com o poema de Álvaro de Campos que adoro, e por isso mesmo o tinha tão guardado, mas resolvi partilhá-lo, por isso aqui vai.














Todas as Cartas de Amor são Ridículas



Todas as cartas de amor são
Ridículas.
Não seriam cartas de amor se não fossem
Ridículas.

Também escrevi em meu tempo cartas de amor,

Como as outras,
Ridículas.

As cartas de amor, se há amor,
Têm de ser
Ridículas.

Mas, afinal,
Só as criaturas que nunca escreveram
Cartas de amor
É que são
Ridículas.

Quem me dera no tempo em escrevia
Sem dar por isso
Cartas de amor
Ridículas.

A verdade é que hoje
As minhas memórias
Dessas cartas de amor
É que são
Ridículas.

(Todas as palavras esdrúxulas,
são como os sentimentos esdrúxulos,
São naturalmente
Ridículas).

Álvaro de Campos - escrito por AnaBorges




3 comentários:

Gonçalo disse...

Sou um ridículo forçado mas ao mesmo tempo vivo com muito amor, mesmo sem ter tido alguma vez a oportunidade de ser ridículo...

E como deve ser bom ser ridículo, escrever sobre o amor como se estivéssemos a falar em uníssono para duas almas, acredito que seja uma situação que cumpra o Eu de uma forma magnífica...:)

Quanto à enxaqueca, acredito que tenha gostado de ti, percebeu a diferença de mentalidade e quis compreender melhor os seus meandros. És uma pessoa diferente pela positiva, sinto-te num nível superior à generalidade, és muito TU e criaste o teu próprio método de "Bem Viver" :)

Um beijinho grande para ti com admiração*

Anónimo disse...

Obrigado Gonçalo, é sempre bom receber um elogio. Não sou vaidosa, no sentido de me envaidecer com o meu EU, esse, EU transformou-me noutra pessoa, tornou-me mais egoista, mais virada para mim, mas é claro que isso não deixou que eu não ajude os outros, alias seria impensável para mim. O meu marido teve um dia de internamento para uma pequena intervenção cirúrgica, e eu estive sempre a seu lado, nem seria capaz de o deixar sózinho, naquele Hospital, se não pudesse estar a seu lado, estaria sentada á porta, mas jamais ele se sentiria só, eu já passei por isso e não admito a mais ninguem que eu ame que passe aquilo que passei, o ter de ser "entregue" num Hospital, e adeus até amanhã. É uma dor muito grande, parece que naquele momento, fomos "despejados", abandonados.
Mas o meu EU, esse é grande em nada influência a minha maneira de encarar o mundo, as pessoas, em me sentir bem comigo própria, mesmo que os outros me digam que estou mal, se eu gosto paciência para quem não gosta. Não tenho EGO, esse já o deitei fora, fiz um curso sobre como eliminar o EGO da nossa vida, porque existem muitas pessoas, para não dizer a maioria, eu própria, também não distinguia o EU do EGO, e são coisas tão diferentes. Mas essa discussão sobre a difrença do EU e do EGO, talvez faça um post sobre isso, veremos.
Um beijo Gonçalo

Gonçalo disse...

Olá Ana, as pessoas mais felizes são egocêntricas porque seguem a sua vida e nomeadamente as suas relações humanas fazendo cumprir o seu Eu e, intencionalmente ou nao, estão a cumprir os seus objectivos de vida pessoal. Por isso não me surpreende o teu egocentrismo:)
No entanto, também não me surpreendes com o teu amor aos outros, porque essa também pode ser uma prova de egocentrismo, mas na situação que retratas no Hospital, não te esqueças que os doentes nem sempre se sentem despejados, afinal ainda há enfermeiros como eu:)
Fico à espera desse texto sobre o Eu e o Ego, eu próprio gostava de me redescobrir nas tuas ideias:)
Um beijinho grande para ti e um abraço para o teu marido com os meus desejos de melhoras:)