domingo, 28 de março de 2010





"Estou a afogar-me nas minhas lágrimas. Arrasto-me penosamente por entre a névoa dos dias com medo da noite.
Sou prisioneira dos meus pesadelos e das trevas.
O crepúsculo é o lembrete diário de que o pesadelo está vivo e bem vivo.
Não tenho fuga possível.
O coração grita de agonia.
Não há remissão, nada pode ajudar-me.
Não há bálsamo para as feridas porque elas são tão profundas.
Escrevo e a minha busca por segurança é infrutífera.
Por todo o lado para onde quer que olhe vejo outros a chorar por ti. Eles flagelam-se.
Eras o meu sol, a minha alegria.
O teu sorriso era a minha esperança
Não sei como viver sem ti.
Tenho 30 anos mas sinto o fardo de alguém de cem anos.
A minha alma está velha.
Corro de um lado para o outro freneticamente porque a alternativa é tão tentadora.
Receio a indulgência de ficar na minha cama, o meu ninho.
No meu sonho roguei-te para ficares
Os teus olhos dançavam, o teu sorriso abraçou-me.
Imploro para te trazerem de volta
As tuas palavras «tu sabes» ecoaram sempre que pedi.
«Tu sabes» significava «não posso ficar».
Esforcei-me por manter o sorriso na tua mão, o teu cheiro, o teu toque.
A ideia de acordar sem ti no Natal é devastadora.
Não há Pai Natal.
Levanto-me cedo para expulsar os demónios.
Em vez de paz, tenho gritado ao longo de quilómetros, em muitas cidades.
Estou tão cansada e esta viagem parece-me interminável.
Não procuro ajuda.
Lutar é algo que não me é familiar.
Deixaste um abismo e eu estou presa por um fio.
Estou curiosa, por isso espreito para o abismo.
Não dou nada como certo.
Até respirar me custa. A asma é uma ditadora frequente.
Muitas vezes oiço os meus angustiantes murmúrios antes de os sentir.
O som lancinante trespassa a música do meu walkman.
A minha angústia rebenta.
Sinto um nó na garganta.
Respiro com dificuldade, Estar imóvel não me dá qualquer conforto..
Sinto-me desconfortável na minha própria pele.
Sou uma caracoleta sem casca.
Tento refugiar-me na segurança do esconderijo."

Danielle Steel

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