sexta-feira, 4 de novembro de 2011

1 de Novembro de todos os anos .....




Apenas uma data, 1 de Novembro de todos os anos, um dia abençoado ou amaldiçoado tudo depende do que pensamos, para mim, apenas mais um dia. Não recordo mortos, felizmente para mim ainda só dois seres vivos, que amei, sofri, chorei, viajaram para a terra dos mortos. Acredito fielmente que á vida no outro lado, mas afinal que lado é esse tão pintado de negro? Será que existe mesmo um mundo paralelo a este, o mundo dos mortos e o mundo dos vivos? Acredito que sim. Esse mundo é apenas uma máquina de transformação, onde transforma os seres mortos em vivos, que retornam ao mundo dos vivos, transformados em outras personagens, envoltos noutro corpo, noutra vestimenta. Sinto que quando viajo para algum sitio vem a sensação que já estive naquele lugar, um dejá-vu, uma viagem que já fiz. Questiono-me se o que estou a sentir é apenas uma sensação, ou será que noutra vida passada já visitei aquele lugar? Mas voltando ao dia 1 de Novembro de todos os anos, a vontade de muitos seres é darem continuidade á tradição, fazem de cemitérios verdadeiros jardins, do escuro onde realçam o preto/cinzento/branco, nascem cores, muitas flores de todas as cores, do frio da pedra, do mármore, do granito, aparece o calor das campas nasce uma luz, um calor das velas e lamparina colocadas em cima daquelas pedras, Na noite é uma visão assombrosa, velas colocadas como soldados numa parada, realçam na escuridão daquelas pedras. O cemitério frio, torna-se num cenário acolhedor, onde a vida parece renascer. Macabro, sem dúvida macabro.
Os meus seres vivos que viajaram para a terra dos mortos, da minha parte não tem flores nem velas, o calor deles continua vivo dentro de mim, apenas desejando que descansem em paz, onde quer que estejam. Cultura? ou Crendice? Não importa, se as pessoas se sentem felizes homenageando os seus entes queridos que já partiram, tudo bem, o que me entristece e me deixa a pensar na pobreza de espírito da maioria das pessoas é só visitarem os seus entes queridos no dia 1 de Novembro de todos os anos, como se visitá-los só fosse a obrigação de um dia. Mas eles, os mortos, estão lá todos os dias, todos os meses, todos os anos....
Pena só lhe levarem flores, luz e uma lágrima no dia 1 de Novembro. Os meus não são visitados por mim, nem no dia 1 de Novembro de todos os anos, nem em nenhum dia de todos os anos. Visito-os todas as vezes que me lembro deles, viajo nas lembranças, nas imagens que deles ficaram, recordo todos os bons momentos que eles me deram. Paz á sua alma.



AnaBorges

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