Ao ligar a TV só via uma só imagem: estalos no ar, já nem sabia se era mais uma mostra de um Fim de Ano num lugar qualquer ou se era mais uma centena de roquettes na faixa de Gaza. Ironia. Se não ouvisse ficava sem saber a que conflito pertenciam as cores brilhantes num céu cinzento, se a uma passagem de ano ou se a mais uma série de mortes. Estou-me "lixando" de quem é a culpa, se calhar de todos e de ninguém, mas de certeza que aqueles corpos, que se ainda não estiverem "totalmente" mortos de certo com aquelas "procissões" e passagens de mãos em mãos acabam mesmo mortos, e de certeza que a maioria nem sabe porque existe esta guerra, qual o motivo e o porquê de ter de morrer tanta gente em nome do quê???????
Também a maioria das pessoas que se reúnem com um ar plástico de felicidade, a alegria hipócrita, os risos, os gritinhos histéricos, os beijos ao vizinho do lado nem sabem bem porque se encontram ali, encontram-se porque as massas se reúnem todas e a maioria vai atrás da maioria, por isso as festas são todas em lugares chaves, não são naturais, são estruturadas para que as pessoas se desloquem ao encontro do que sabem que não é nada do vão fazer, é tudo fogo de artificio, é tudo uma forma de pensarem que vão esquecer as tristezas do dia a dia, a fome, a miséria, a doença, os despedimentos, o endividamento, nada passa de um balão de ar que rebenta depois da meia-noite, quando a realidade chega e se pensa no que ficou para trás e no que se tem de lutar para "pagar" o que durou apenas horas.
Cansei. Cansei de tanta hipocrisia, de tanta ostentação, de tanta miséria.
Até cansei de um valor que eu dava primazia, que era a solidariedade, mas a solidariedade dura apenas o Natal e o Fim de Ano, e o resto do ano?????? Não existe. É certo que não pudemos, não temos o poder de "oferecer" esmola o ano inteiro, eu acho que se desse esmola a todos os que necessitam, eu sentar-me-ia ao lado do ultimo e seria mais um a pedir, não solidariedade não é isso, é criar-se meios para que as pessoas possam trabalhar, possam ganhar o seu próprio dinheiro e não precisarem de recorrer ao bem dos outros. Claro que muitos pensam que é uma utopia. Talvez, mas se nada se fizer, se continuar a haver uma discrepância tão grande de ganhos, a pobreza vai continuar, o endividamento vai continuar, a revolta vai continuar, as guerras vão continuar.
Seria bom, que os governantes começassem a pensar melhor na divisão dos dinheiros, é lógico que vai ter de haver sempre diferenças, mas o que poderá existir é uma diferença menor e então talvez diferença menor possa ajudar muita gente a ter emprego, a ter dinheiro a ter poder de compra, e os pobres comecem a diminuir e os milionários também, e a diferença seja menor.
Tal como comecei, nem sei como terminar, acho que desejo para este ano que as coisas mudem, que a mentalidade de todos mude e se sintam seres humanos 300 e tal dias, que o fogo de artificio seja mais do que uma vez por ano, que se diga bom dia ou boa noite todos os dias e não só nesse dia, que a fraqueza se transforme em força e se lute para que se atinja, não a perfeição mas um mundo um pouco melhor todos os dias, que a mente dos humanos se abra e deixe entrar a paz, a humildade, a força para viver feliz todos os dias, sem pensar que a felicidade se resume a um monte de papel que permite esconder a tristeza numa alegria hipócrita em apenas poucas horas.
2 comentários:
A isso chama-se "responsabilidade social" um palavrão imenso, que implica tentar viver honestamente, chamando aos bois, bois. Coisas aparentemente simplórias, para os néscios, segundo muitos, mas demasiado importantes para alguns de nós. A sensibilidade é algo com a qual devemos ter muito cuidado pois implica que aprendamos a proteger-nos. Para viver. Por tudo isto (e muitas outras coisas) estou aqui, ao teu lado, pela tua alma.
Eu sei. Por tudo isso e muito mais, eu estou a teu lado para o bom e para o mal. A teu lado sinto-me protegida, eu sei que vindo de mim parece ridículo, mas não é. Adoro o teu aconchego, pode não parecer, mas sou tão frágil como sou tão dura, e a teu lado vou conseguindo ultrapassar algumas barreiras, destruíndo muros, deitando paredes abaixo, vou sendo eu própria com os meus defeitos e virtudes. Por tudo isso, obrigado, Sr. Prosas Vadias
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