terça-feira, 17 de julho de 2012

COMO SE COZINHA UMA LICENCIATURA





EU TAMBÉM QUERO........



..."consta do processo consultado pela VISÃO, faz referência a um currículo "rico" em três aspetos: "a longevidade das funções desempenhadas, a natureza das mesmas - maioritariamente de liderança ou grande responsabilidade institucional, e a sua variedade". No final do documento, os relatores recomendam, no entanto, que, dado "o caráter embrionário deste tipo de processos", na atribuição de notas de avaliação, a creditação de competências profissionais seja "complementada com avaliações aferidas por eventuais classificações pós-secundárias ou então se proceda à aplicação de escalas qualitativas". A VISÃO tentou contactar, sem sucesso, Santos Neves, que é atualmente reitor da Universidade Lusófona do Porto e que, no site da instituição, se apresenta como "apóstolo-mor" da Declaração de Bolonha. José Fialho Feliciano também não esteve disponível para falar com a VISÃO.
Folclores e Templários
Miguel Relvas é, assim, admitido no curso Ciência Política e Relações Internacionais - um curso de três anos, 36 disciplinas nas quais se tem de obter 180 créditos para o concluir. Para os decisores da Lusófona, o currículo de Relvas valeu 160 créditos. Os restantes 20, o aluno despachou-os concluindo, em apenas um ano, as disciplinas de Quadros Institucionais da Vida Económico-Político-Administrativa (do 3.º ano, com 12 valores); Introdução ao Pensamento Contemporâneo (1.º ano, 18 valores); Teoria do Estado da Democracia e da Revolução (do 2.º ano, 14 valores); e Geoestratégia, Geopolítica e Relações Internacionais II (3.º ano, 15 valores).

O currículo que Miguel Relvas entregou na Lusófona está dividido em três grandes áreas: exercício de cargos públicos, de cargos políticos e de "funções privadas, empresariais e de intervenção social e cultural e frequência universitária". Entre os cargos públicos desempenhados, pelos quais lhe são atribuídos 90 créditos, encontra-se, por exemplo, o de deputado durante várias legislaturas, secretário de Estado da Administração Local no XV Governo constitucional e membro da delegação portuguesa da NATO. No que se refere aos cargos políticos, Miguel Relvas apresenta as suas competências como secretário-geral do PSD e membro da Comissão Política do partido, tendo-lhe sido dada equivalência a quatro cadeiras. No último capítulo, pelo qual lhe são atribuídas dez cadeiras e um seminário/estágio, Miguel Relvas elenca as funções privadas.

Em agosto de 2005, o atual ministro deixou de ser deputado em exclusividade e começou a trabalhar como consultor: primeiro na Société Générale de Surveillance; depois na sociedade de advogados Barrocas, Sarmento, Neves (janeiro de 2006) e na Roff-Consultores Independentes (junho 2006). Quanto ao cargo de administrador da GIBB-Prointec Brasil, menciona-o no pedido à Lusófona, mas à comissão parlamentar de Ética só o refere em novembro de 2007, quando cessa funções e passa a ser consultor da GIBB Portugal.

Para obter o canudo, Relvas faz-se ainda valer dos cargos de vice-presidente do Instituto Francisco Sá Carneiro; de presidente da Assembleia-Geral da Associação de Folclores da Região de Turismo dos Templários e diretor da revista Templários Turismo (anexas ao processo estão, inclusivamente, fotocópias de algumas páginas da revista); e de "conferencista convidado". O atual ministro Adjunto faz referência à frequência dos cursos de Direito e de Relações Internacionais, na última alínea das suas competências. Por onde, porventura, começaria o currículo de um estudante com um percurso um pouco mais tradicional ou, pelo menos, de um estudante que não apresentasse a sua candidatura aos 45 anos."


Ler mais: http://visao.sapo.pt/de-como-relvas-se-fez-dr=f675156#ixzz20sxSTGQj

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