segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

HAITI




Não existem palavras para descrever o que se passou, o que se está a passar e o que se irá passar no Haiti. Para mim que me encontro aqui, sentada numa cadeira com o computador á frente, impotente, como tantos outros, não sei se devido à minha própria inércia, se devido às burocracias, se devido ao que se iria passar quando voltasse se voltasse, e tivesse a consciência que tinha ajudado alguém, sentir-me-ia bem comigo própria, mas depois, que se seguiria?????? Como iria sobreviver????? Juntar-me-ia aos sem-abrigos????? Seria mais uma à porta dos Centros de Emprego?????
Será isto inércia, ou será pensar em não ser um peso para mais ninguém?????
Já existem pessoas próprias para isso, Esse é o seu trabalho, a sua missão, confesso que gostaria muito de puder tirar e agarrar uma criança, um velho dos escombros um ser humano ou até um cão sentir-me-ia feliz, mas agora que vi de perto a passagem para o outro lado sem ter comprado bilhete e tive de estar dependente do meu marido para quase tudo e, ainda me sinto "prisioneira" numa prisão que gosto e me sinto bem, apesar de a paisagem começar a cansar e eu começar a sentir-me inútil, mas se me esforço dou por reconfortante a cama ou o sofá, porque as costas, as costelas e a anca agradecem e eu esqueço-me logo da paisagem, da prisão e só me lembro do meu carro que faz quase um mês que nunca mais o vi, e lembro-me que mesmo não tendo feito a passagem para o outro lado esta vai-me sair muito cara, é o que faz entrar em locais sem bilhetes, as multas são sempre muito pesadas.
Por colocar estas coisas nos pratos da balança, sinto que o que tenho a fazer é tratar bem os que estão a meu lado e deixar que os que estão longe sejam tratados por quem sabe.

Bom trabalho e que estejam sempre acompanhados pela Fé.

O Mestre esteja com eles.

AnaBorges

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